Entrevista exclusiva
Simonny: Pronta para celebrar a Vida
Depois de um longo e doloroso tratamento contra um câncer no intestino, cantora celebra um diagnóstico de remissão e se declara preparada para celebrar, no palco e no cotidiano, a maravilha que é viver.
É difícil desassociar a cantora Simonny da imagem de alegria. A garota de sorriso franco e aberto que começou a carreira ainda na infância e que evoluiu, já adulta, para um repertório pop e romântico, sempre foi uma queridinha do público brasileiro, com quem manteve uma conexão duradoura no passar dos anos. No ano passado, a voz poderosa deixou de ser o mote para a presença da cantora na mídia: Simonny passou a engrossar as estatísticas dos brasileiros que enfrentavam um câncer no intestino.
Os dados são assombrosos: em uma década, o número de casos desse tipo de câncer cresceu no país 64%, e os especialistas também dão relevo à crescente incidência em pacientes do sexo feminino e de idades cada vez mais jovens. Assim como a cantora Preta Gil, também acometida pelo mesmo diagnóstico, Simonny teve que deixar de lado a carreira e se dedicar à luta contra a doença. Um momento difícil e longo que, felizmente, está próximo de um final feliz.
Em junho, a cantora recebeu finalmente um diagnóstico de remissão. É esse o nome que se dá, quando os exames não detectam mais tumores no corpo, e a partir daí começa uma contagem de cinco anos, prazo em que um paciente pode então considerar-se curado. Para a cantora, um momento muito especial, e que abre uma porta para uma nova vida. O público que se prepare porque uma nova Simonny está chegando, como a própria cantora explica nessa entrevista para a Revista do Città:
Olhando todo esse panorama da doença no país, a gente vê como ele é preocupante. Como você descobriu que estava com a doença e o que você recomendaria a outras mulheres em termos de prevenção, de atenção?
“É difícil a gente entender porque tantas pessoas mais jovens estão tendo esse tipo de câncer. No meu caso foi uma grande surpresa. Eu não sabia que tinha que fazer uma colonoscopia (exame que visualiza o intestino) aos 45 anos, eu fui fazer só com 46, talvez se eu tivesse feito antes teria descobrido a doença mais cedo e sofrido menos, e feito um tratamento menos agressivo. Hoje o que eu falo com todos é sobre prevenção. Mesmo comendo muitas frutas e verduras, a gente come muito agrotóxico, então é complicado. A alimentação hoje não é muito saudável. A minha dica é comer melhor, não ficar muito de fast food. É claro que todo mundo gosta, mas vamos dar uma regrada, não comer muitos embutidos. E ter atenção no seu corpo, reparar como estão as nossas fezes, reparar se está sentindo algo diferente. O nosso corpo, ele dá sinais, as vezes a gente corre tanto na vida e não percebe isso. Se sentir algo diferente, vá ao médico.”
Que cuidados você adota agora?
“Depois do tratamento eu acho que eu presto mais atenção na minha alimentação, tem coisas que eu adoro, mas agora evito. Tem que mudar. E eu estou louca pra voltar aos exercícios físicos. Ainda não consegui, mas assim que puder eu vou voltar. Isso é muito importante.”
É possível manter a auto-estima em momentos como esses?
“É possível, mas é uma autoestima diferente, é uma desconstrução. É preciso ter pessoas do seu lado que te dêem força, que te achem bonita de qualquer forma, que não te julguem pela sua aparência. Que te coloquem pra cima. Quando eu poderia pensar que um dia eu ia tirar uma foto careca. E eu tirei. Mas foi um caminho. Enquanto eu não me reconheci careca, foi mais difícil, mas depois, eu brinquei muito com os lenços, comecei a brincar com essa história. Não é fácil, é uma luta, mas você vai trabalhando, e depois a autoestima vem naturalmente.”
Como você está hoje?
“Hoje eu estou bem, estou em remissão, porque a cura só vem em cinco anos, não tenho mais nenhuma célula cancerígena. Eu fiz um tratamento chamado imunoterapia junto com a quimioterapia. Hoje não faço mais a quimioterapia, já acabei todas as sessões, e estou só fazendo a imunoterapia a cada 21 dias. Esse tratamento vou continuar fazendo durante um ano e meio. É um tratamento de ponta. Fui a primeira pessoa no Brasil a fazê-lo pra esse tipo de câncer, e a primeira a ficar curada. Agora, com esses resultados, tá tudo muito bem. Estou super feliz, de verdade.”
A Simonny de antes da doença e a Simonny de hoje: o que mudou?
“Mudou muito, posso dizer que sou uma nova pessoa. Hoje tem coisas que pra mim são inegociáveis. A minha saúde é inegociável. A minha paz é inegociável. Estar com a minha família é inegociável. Eu agora vivo para fazer as coisas que eu gosto. Não faço mais nada que não me agrada, como eu fazia antes. Já cedi muito, já fiz tanta coisa que eu não queria, mas que eu achava que tinha que fazer para agradar aos outros. Hoje não faço mais.”
Conta um pouco pra gente dos seus novos projetos e o que vem aí nessa nova fase da sua vida.
“A verdade é que não faço mais novos projetos, vamos dizer assim. Tenho vontades, mas tudo depende do homem lá de cima, de Deus. Converso com Deus todos os dias. Tenho muita vontade de fazer uma turnê agora, chamada Celebração, para celebrar a vida. Vou fazer o primeiro show esse ano em São Paulo, mas vai ser um só, no ano que vem eu devo fazer mais, quero estar mais preparada, mais descansada. Primeiro quero curtir minha vida, passear, viajar, fiquei um ano tratando de um câncer pesado. Quero trabalhar sim, mas hoje o trabalho não está mais em primeiro lugar para mim.”